sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

ano novo onde?

Ano novo, problemas velhos. Não suporto mais essa constância previsível e entediante que invadiu o curso da minha vida. E parece que não importa o que eu faça, nada muda.

Sei lá... Tudo me parece tão vazio e sem sentido. As coisas deixaram de me encantar e surpreender. Aquilo que não cairia nessa obviedade cansativa é simplesmente inatingível para o momento. Sinto que minha cabeça é uma partitura dodecafônica, completamente desorientada e barulhenta. Mas um barulho que repousa num silêncio chamado solidão. Essa falta de amor me corrói a vontade de fazer qualquer coisa. Eu sinto que me falta alimento, o néctar,  nenhuma abelha sequer o extrai. Eu podia me alimentar de amar, mas tudo o que consigo sentir a minha volta é raiva, descaso, indiferença, tédio, agonia, vazio... Não sinto mais o amor como algo palpável, e sim como a idealização mais elevada de um mundo melhor. O amor está tão distante, mas ao mesmo tempo, tão perto. Tão perpétuo, mas tão indisponível. Tão vivo e tão inexistente.
A solidão me pesa tanto, me suga tanto... e com o passar dos dias, percebo que ela atua feito bola de neve: quanto maior é, maior vai ficando. Amores, amigos, família... todos se vão. Até que fico sozinha com meus "comigos", porém eles também me deixam. Resta-me o meu mais íntimo "eu", momento no qual poderia pensar "pior que isso não fica"... Sempre fica, porque de certa forma, no meio desse espaço imenso e vazio, você se distancia de si mesmo, até que se perde de completo. Como se estivesse num universo vazio e infinito, iluminado à meia luz, mas que não sabe de onde surge. Não adianta correr para nenhum lado, pelo simples fato de que nunca chegará a algum lugar. É assim que me sinto, uma massa impotente, vazia de sentimento, sobretudo de amor.
Sentimento esse que te exige um receptor, caso contrário, é como se atirasse em alguma [não-]direção daquele universo vazio e infinito. De que vale estocar amor se não tem um alma para recebê-lo? É apenas um grito no vácuo...
Desculpe, Carlos, mas também não encontrei aquilo de que carecemos, nem eu, nem você, tampouco nosso querido Elefante.

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