terça-feira, 15 de outubro de 2013

Medo...

"Em verdade temos medo..."
Sim, tenho muito medo. Em fato, devo admitir minha covardia referente a tantos e outros assuntos. 
Não sei se é esta fase primeira de percepção da vida adulta chegando ou se é o tipo de medo que nunca mais me abandonará. Mas tenho medo de não conseguir. Tenho medo dos meus planos ficarem apenas em estado de ideia. Tenho medo de ter uma vida qualquer e medíocre. Tenho medo de não conseguir ter sequer uma vida. 
Às vezes penso que não vou conseguir nem terminar este curso decentemente. Ainda mais com certa ausência no ano que vem. Sinto que vou falhar. Na verdade, já me sinto uma falha e isso tem me tirado o sonho e me levado a pensamentos mais pessimistas do que o costume: "será tudo um lixo, você não vai conseguir nada do que quer". É o que fico me repetindo. 
Não sei mais como lidar com essa pressão e tensão toda... Não posso conversar contigo sobre, porque... Porque é complicado te explicar algumas coisas e não falar é mais compreensível do que tentar expor problemas e causas. Não sei mais o que fazer. Além de tudo o que vem acontecendo, ainda mais isso para me tomar tempo e força. 
Sinto que sou uma fraude e incapaz até de continuar fingindo que estou bem. 

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O maldito 62 da realidade

Dormindo com o diário no canto do colchão, dividindo espaço com o travesseiro, a ponto de virar peça chave do jogo de cama. A sequência das palavras já não faz diferença, o que me permite escrever no escuro. Ou, desenhar a letra, dependendo do conceito relacionado a cada termo. 
Parece-me que aqui e lá (no diário) são os únicos lugares onde posso compartilhar algumas angústias circunstantes dos últimos dias. Hoje me dei conta do número 62. Um simples e claro número, compreendido entre o ontem e o amanhã. Um serene e calmo número que carrega em si o peso da finitude. Um número qualquer, que felizmente não é 1 e infelizmente não é 1000. 
Hoje compreendi a essência do 62. Adeus. Seu predicado natural é tristeza, seu escopo é desespero, seu termo coexistente é saudade. Fernando Pessoa se enganou quanto ao "maldito 33 da realidade", porque o 62 existe e está aí... Logo mais também será 33. E depois 25, 19, 5, por que não? O 62 de hoje se tornará 1, e então, num ato anti-racional e filosófico, mudará sua essência, inverterá os papéis, dará cambalhotas e zombará da minha agonia. 
O 62 numa gargalhada súbita trará a farsa da segunda versão histórica da humanidade. Não terá piedade em nos mostrar a catarse de bom grado. Não... O Maldito 62 vai rir, como um personagem trágico que não se flexiona e sabe que quaisquer decisões o levarão a destinos nefastos. E, quiçá, numa metamorfose atípica, se revele como o próprio desespero, como a própria solidão. 
Como pode, tamanha dor prover de um número que logo se reduzirá a zero? Ou que se elevará a 212... Porque é tudo sempre uma questão de perspectiva. 
Quando o senhor 62 se transformar em 212, devo eu notar que "nem tudo num navio deteriora no porão?" Ou devo eu esperar que a solidão pode voltar a ser estado natural? 
O que me resta enquanto o 62 ainda é 62? Disso respondo "o hoje".