quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

pain II

Às vezes eu fico me perguntando... porqueeunãomorrodeumavez?
Por que essa dor não acaba e me deixa viver em paz? Por que tenho que me sentir caindo num abismo o tempo todo? Por que esses barulhos não param por um único segundo? Por que minha cabeça insiste em girar e conturbar meus pensamentos?
Eu não aguento mais sentir dor, não aguento mais lutar contra este vazio que me suga toda energia. Não aguento mais sentir esse caos aqui dentro, que lateja sem parar. Por que tem que doer tanto assim? Por que tem que machucar tanto, mas sem deixar hematomas? Antes deixasse... Talvez assim você perceba o quanto está doendo.
Se essa dor deixasse marcas externas, se manchasse a pele imaculada, se saísse sangue... Talvez assim as pessoas entenderiam que isso não "está só na minha cabeça". Talvez compreendessem que eu me esforço sim, mas não é o suficiente meu esforço. Se essa dor deixasse seu rasto, seria possível que as pessoas passassem a [pelo menos] respeitar isso. Não tratarem com descaso, indiferença, ou admitir que é "frescura minha".

trilha sonora de uma terça-feira à noite

1- Meds - Placebo
2- Hysteria - Muse
[essas duas músicas repetindo e repetindo e repetindo impulsivamente]

Situação:
Você acorda, sentindo-se um lixo, como todas as manhãs deste lindo ano novo. O ser refletido no espelho é tudo aquilo que você não queria ser. A vida que você não queria ter. I was alone, falling free. Por não ter nenhuma válvula de escape logo cedo, você segue apenas o protocolo da rotina. Sim, a rotina que você não queria viver.
O dia passa atordoado e desorientado. Baby, did you forget to take your meds? As coisas não fazem sentido e sua cabeça lateja e tritura todas as informações que recebeu. Baby, did you forget to take your meds? As ruas sustentam o caos mental através de seus ruídos, aquela poluição visual-auditiva que enlouquece qualquer um. I was confused, by the birds and the bees.
Então você finalmente volta para casa. "Oi" - escuta alguém te falando. No começo não responde, não faz mais diferença inclinar o pescoço e ver quem vos fala. "Oi" - a pessoa insiste. Então você se dá uma chance e vira os olhos para a luz reluzindo no fundo da porta. "Como você chegou aqui? Por que demorou tanto?" Se pergunta completamente atônita. Mas não obtém resposta.
Você fecha os olhos e força os cílios. Abre e não tem mais ninguém.
Baby, did you forget to take your meds?
Baby, did you forget to take your meds?
Já é tarde e você conclui que de fato é um lixo. Da mais alta classe dos lixos, que sonham alucinam com uma realidade "normal", onde sua cabeça não rode e não conflitua informações.

Então você deita na cama, abandona a mochila, o óculos, o guarda chuva, tudo, deixando o rasto do descaso depressivo pelo chão. Yeah, I'm endlessly, caving in and turning inside out. Ali deitada, a única coisa que consegue pensar é "como fingir que está tudo bem, quando completamente..." e na hora vai te faltar a palavra, porque as que tem não serão suficientes... perdida, confusa, sofrendo, desmoronando, indiferente, depressiva, com pânico, surtada, poderia ficar a noite toda procurando um bom adjetivo. E então você se esforça para pensar em mais uma coisa "como você consegue me ver sofrendo e não fazer absolutamente nada?" It's bugging me, grating me and twisting me around.
As lágrimas insistentes conseguem cair, as outras secam num olhar frio que combate a melancolia com raiva.
[it's] forcing me to strive, to be endlessly cool within. And dreaming I'm alive.

'Cause, I gave you my heart and my soul, and you threw them straight to some garbage you found down the streets.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

pain

E quando você pensa que pode suportar, que aguentará o tranco, vem a vida te mostrando que não.
Chega um tempo que não adianta mais lutar e tentar continuar. Depois de um tempo, viver a qualquer custo não é mais bonito, mais heroico. Tem um momento em que você deseja simplesmente parar. Sabe? Parar totalmente, não ouvir mais nada, não ver mais nada, não sentir mais nada, sobretudo a dor. Chega uma hora que você vai fazer de tudo só para não sentir mais dor.
Porque essa dor interna, que pulsa o tempo todo e não te deixa descansar um minuto sequer, essa dor te tortura, te exausta e pouco a pouco te sucumbe. E não tem nada que consiga fazer para se livrar disso. Você vai tentar ler, ouvir música, sair, comprar coisas, escrever coisas, conversar... Principalmente conversar. Vai tentar muito isso... Mas ouvirá apenas "isso só está na sua cabeça... Você não está tentando o bastante, por isso que não melhora". E ouvir isso, aumenta a dor, aumenta colossalmente e te faz sentir um lixo. Você começa a sentir tudo girar na sua cabeça, todos os barulhos entram devastando qualquer pensamento. As visões aceleram e não te deixam processar o que está de fato vendo. Você entra num estado de alerta irreparável e até o vento te assusta.
Sim, você começa a viver assustada o tempo todo. E quando finalmente consegue dormir, o sono te ludibria em pesadelos e noites mal dormidas... E então você acorda. Tudo aquilo que você implorou para não acontecer: acordar. Abrir os olhos todos os malditos dias se torna mais uma tortura. Viver arbitrariamente , só pelo fato de que tem que viver. Sem gostar nem um pouco do que está vivendo. E para quê? Para levar um tapinha nas costas depois? Ou pior, não vai fazer diferença nenhuma o quanto você tentou, o quanto se esforçou, o quanto lutou contra tudo isso que acontece. Não faz diferença como você vai lidar com isso ou aquilo... Desde que não interfira na vida de ninguém, certo?
E a luta não te faz mais forte, muito pelo contrário, te mostra o quanto você é fraco e não consegue suportar o que para alguém "comum" seria tranquilo. Insistir o tempo todo só te faz perceber que você está sofrendo o tempo todo e quer se livrar desse sofrimento a qualquer custo.
there's so much pain that I can barely feel the wind touching my skin without feeling scared. I feel hurt and I just want to people understand that, is it too much to ask?