sábado, 5 de maio de 2012

efeito casimir

Talvez o que eu sinta agora seja apenas cinzas. Cinzas densas modeladas num imenso breu. A escuridão transforma-se num cárcere da claridade, com grades de silêncio e paredes de indiferença. Não existe saída, tampouco uma mísera válvula de escape, como um simples espelho.
O problema não é a falta do objeto refletor, parece-me que encontrei um. Sim, todo decorado em volta, como daqueles espelhos que há muito não se fabrica mais. De fato é um espelho muito bonito, tão brilhante que parece não oxidar o estanho nunca. Transmite uma serenidade ímpar, ao passo que me instiga de modo mágico.
Mas como dizia... o problema não é a falta dele e sim uma parede para colocá-lo. Não porque estão todas cheias, o problema é a espessura da indiferença. Estão tão profundas que agem como um buraco negro e sucumbem tudo o que ali se tenta colocar. Entende agora? Por mais que a luz tente refletir, ela é tomada pelo buraco e lá dentro não consegue difratar.
Se puder me atrever, tenho um desafio para você, do qual podes negar e refutar o quanto quiser, mas ele se manterá proposto. Desafio-te a criar um efeito casimir entre essa parece e o espelho. Torne tudo mais calmo nesse meio vácuo e os induza a se atraírem.

Na pior das hipóteses, o que vai acontecer é você negar ou não conseguir. Só não subestime, não é fácil criar o vácuo entre duas coisas e dependendo de como o faz, podes criar um movimento repulsivo, neste último caso, farás o cárcere mais poderoso do que já é.

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