domingo, 26 de maio de 2013

Coletânea de perdas

Tu vives. Vives fraco e vulnerável. Tu choras, choras calado e angustiado. Tu andas, andas com tamanha tristeza que um único passo pisa numa poça de pesares e lágrimas. Tu vives, desta vez simplesmente porque é obrigado a viver. De cada alegria, tiras um universo de angústia. De cada momento eufórico, escondes milhares de prantos, incontidos numa única pessoa. Mas o que fazer? És forçado a aguentar e aguentar e aguentar.
És alguém que acopla pessoas, bichos e coisas a fim de maximizar sua existência ínfima e medíocre. Acontece que perdes todos. Perdes a ti mesmo eventualmente. Tua coleção mais valiosa é um álbum de figurinhas de todas coisas que já perdeu, com espaços infinitos para os que perderá. És alguém vazio, vazio, vazio, constituído de perdas.

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