segunda-feira, 22 de outubro de 2012

porque meu coração é uma ilha...

Estou naquele momento no qual tudo que penso sentir, tudo o que quero escrever e falar Drummond, Fernando Pessoa ou Clarice já o fizeram. É triste, devo admitir. Por segundos imprecisos me vem à cabeça aquela sensação de inutilidade e incapacidade literária. Exporto-me do mundo, sou o mundo, temo o  mundo. Exporto-me de mim, transformo-me em outrem, tenho tantos "eus" que já não sei dizer quem fora o original, o primogênito, o escolhido [estranho que para mim todos esses adjetivos sempre escolhem uma pessoa só, embora sejam  tão diferentes]. E, por último, mergulho em mim, torno-me um imenso e escuro oceano, cheio de segredos e perigos, dos quais não consigo entender. Recuo-me em ilha, nego a ilha, recuso, crucifico, perdoo, refaço, renego, questiono, exponho, respondo, às vezes penso que sou a ilha e todos os meus movimentos aporéticos se resumem nos meus próprios sentimentos atônitos, tortos, risotos.

Depois de encarar o fato de que, ok, admito perder para eles, afinal, são os grandes, os ídolos... Acho que as regras sociais de realização das suas ambições admitem perder para os mestres. As regras sociais sim, o ditado oriental não. Mas o que fazer?  Não se pode agradar aos gregos e troianos... Chega de enrolar, mais que na hora de postar algo digno de ser lido por alguém da... desses lugares aleatórios que aparecem nas estatísticas, como... Tibet, Bielorússia, Zaire, Rússia, Alasca... E por aí vai...
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Sinto. O coração aperta, deprime, contrai, pulsa, pulsa, pulsa. Usa, abusa, pulsa, dói. Afoga-se em tantas agonias e bate tão ofegante, rouba o oxigênio designado à respiração. Já não respiro mais, suspiro. Grita, pulsa, pulsa, pulsa. Clama por atenção. Dilacerado, quebrado, partido, rompido, esmagado, estraçalhado. Pulsa, pulsa, pulsa, luta e tenta recolher as migalhas. Corta-se nos próprios cacos. Dói. O sangue novo escorre e limpa o velho. Arde.
Já não respiro, suspiro. Lamento. Choro em silêncio e me confundo com a água da torneira aberta, quieta, esbelta. Nome já não tem. Tristeza, beleza, melancolia, cólicas e cotovias. Apenas sinto e não devia, não devo. Pulsa, pulsa, pulsa. As folhas caíram mas o tempo não passou, se passou foi enganado, mascarado, forçado.
Os dias se estendem comprimidos, decididos, infinitos, sucumbidos. As lembranças se perpetuam. Pulsa, pulsa, pulsa, dói. Simplesmente me vejo impossibilitada de jogar a gaita pelo ralo abaixo. De dissolver a voz na chuva. De trancar a imagem num baú e perder a chave. Pulsa... e pulsa agoniadamente rumo ao desespero de não ter e perder. Todo o sentimento: em papel rasgado.

[...] a centenas de milhas daqui.

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