quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Sonhos, parte I

Estava chovendo, a casa estava silenciosa em todos os cômodos, exceto a cozinha, onde eu conversava com mais duas pessoas, todos sentados à mesa de quanto. Mantínhamos um clima de suspense por causa desconhecida enquanto jogávamos cartas.
Minha mãe dormia tranqüilamente, como há muito não fazia. Lá embaixo, no prédio, algumas crianças brincavam e era possível escutar o som da brincadeira, mesmo sendo noite, a sensação de férias imperava naquela dia.
A porta abre e ela entra, razoavelmente molhada da chuva, embora as roupas outras, que não o casaco e a barra da calça, estavam secas. Ela chega e vai direto pata a cozinha, analisei por alguns segundos, aquele agasalho não era dela, tampouco meu, era masculino e verde escuro... era dele.
"Oi" ela diz para os outros, obteve respostas reciprocas e amistosas. Ela não me disse oi, apenas me deu um beijo na nuca, ficou de pé, atras de mim, suas mãos apoiavam-se nos meus ombros e os acariciavam suavemente. Ela se abaixava e cochichava no meu ouvido algo sobre o jogo e depois ria discreta. O problema era que os atos não eram discretos, muito menos minha reação.
"hm.. Não" eu dizia, mas ela parecia ignorar, no fundo eu queria que ignorasse, mas não estava certo.
"Não, O..." eu insistia, ela argumentava "eu não ligo", aquela resposta me fez sorrir, mas não deixei demonstrar, levantei da mesa e ela me seguiu e passou a minha frente. Eu não aguentava, princípios éticos sobre relacionamentos alheios já não eram ponderados em minha decisão, precisa e ela permitia.
Foi inevitável e aconteceu. O casaco me molhava minha roupa, mas não importava.
E então acordei, mesmo que quisesse (e queria) aquilo não iria acontecer na realidade.

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