sexta-feira, 19 de novembro de 2010

L.F. capítulo quarto

Era manhã de uma segunda-feira.
O banheiro estava com aquela claridade típica de sol matinal, com um certo tom de fog e ruídos dos primeiros sons do dia.
Ela olhou-se no espelho, estagnada, sentiu o enorme vazio que lhe ocupava o peito. Olhava tão forte, mas não se sabia para onde. A dor passava à medida que gotas de sangue escorriam, lentamente, pela pia e lágrimas frias deslizavam sobre aquele lindo rosto.

Olhou-se mais um pouco, dessa vez com olhar de reprovação. Limpou as lágrimas com a mão, num gesto rápido e raivoso.
Entrou no banho, permitia-se chorar de verdade, só naquele momento, pois se enganava e procurava não distinguir o que era lágrima e o que era água.

Assim começava mais um dia, parecia [como todos os outros] que não se findaria.
E se a escola mudasse, se o carro andasse mais rápido, se acontecesse algo? Não adiantaria.
Aquela profunda depressão e monotonia não passavam. A ansiedade tornava-se constante, nada acalmaria.
Seis aulas entediantes, voltou para casa, nada novo no caminho.
Ao chegar, atirou-se na cama, falando baixinho para que não acordasse nunca mais. Embora, tal pedido nunca tenha acontecido.
Acordou às 16 horas, treinou quatro horas violão e piano. Prelúdios melancólicos e arranjos sofridos, eram a trilha sonora do dia. Em seguida, foi à cozinha, não comeu, tomou um copo d'água, foi à sacada... Olhou a lua e perguntou: como consegue ficar tão linda, mesmo estando sempre sozinha?

Não viu a hora passar, enquanto corria livre sua imaginação, olhando fixamente para o Astro.

E foi assim, mais um dia. Teve vagos sonhos e falsas esperanças [como todos os outros dias].

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